28.12.07

BRIGA POLITICA EGOISTA=MORTE DE INOCENTES

No início deste mês saiu no jornal O Globo uma matéria que muito me aliviou: falava de como estão morrendo mais doentes mentais atualmente. A manchete foi SEM HOSPÍCIOS MORREM MAIS DOENTES MENTAIS. Claro que essa reportagem reflete a mais pura verdade. Eu temia que essas realidades nunca aparecessem e que mantivessem aquelas mentiras que tentam passar de que a Reforma Psiquiátrica está sendo uma maravilha. Mas infelizmente isso revoltou muito dos doutores que estão no comando da saúde mental atualmente. Eles tentam convencer a todos de que não estão morrendo doentes mentais e de que tudo está ótimo. Você sabe como é a coisa: de um lado estão os donos de hospitais conservadores e do outro lado estão os revolucionários da Luta Antimanicomial. Os donos de hospitais concordam que estão morrendo mais pessoas doentes mentais e se revoltam contra as mortes, e os revolucionários que mandam na saúde mental de hoje dizem que "é mentira! Ninguém está morrendo! Este é um plano sórdido dos donos de hospitais!" São dois rivais nessa luta!

Tem pessoas fantásticas na Luta Antimanicomial, mas também têm donos de hospitais muito sérios também. A minha luta é pela vida e por melhor tratamento. Não sou inimigo de donos de hospitais. O que me deixa triste é que muitos que estão na Luta Antimanicomial odeiam tanto os donos de hospitais que acabam esquecendo dos doentes mentais enquanto brigam contra os donos de hospitais.

E pra piorar algum doutores dizem representar a Luta Antimanicomial, mas sequer chegam perto de doente mental, pois estão ocupadíssimos em seus escritórios chiques. Eles estão ocupadíssimos lutando contra a "opressão dos donos dos hospitais" como eles dizem. Se eles se ocupassem mais com a vida dos doentes mentais e brigassem menos com os donos de hospitais, se eles dessem mais atenção não morreriam tantos doentes mentais, e não teríamos manchetes tristes como aquela d'O Globo. No fundo esta briga da Luta Antimanicomial contra os donos de hospitais parece mais uma briga política onde todos querem tirar alguma vantagem.

TEM DOENTE MENTAL MORRENDO SEM NECESSIDADE SIM! PAREM DE BRIGAS EGOISTAS E OLHEM PRA ISSO!!!

3.12.07

DOENCAS MODERNAS

Eu estava agora mesmo lendo na internet as absurdas idéias de certos doutores da era moderna com seus diagnósticos fabulosos e seus grandes preconceitos. Eles fazem seus diagnósticos sem nenhum exame físico ou orgânico e falam como se estivessem com toda luz.

Mas não respeitam a religião de ninguém. É como se eles próprios fossem os Deuses, já que quando um "doente" diz que tem uma experiência religiosa especial que eles não acreditam eles dizem que a pessoa está delirando. Mas parece que eles acreditam que podem olhar para uma pessoa e ver o que ela têm, sem exame laboratorial.

Eles têm certeza de seus diagnósticos absurdos. Eles só não têm provas... Eu acho que eu não preciso nem dizer que todos esses diagnósticos de doença mental deveriam ser considerados falsos, por não ter provas científicas. Sem dúvida o estudo do chamado transtorno mental (doença mental) deverá recomeçar do zero, buscando verdadeiras bases na ciência. Pois do jeito que está indo a cada dia um charlatão inventa uma doença mental nova, um transtorno mental novo.

Agora eu devo pôr neste blog o link para a fascinante página que eu estava lendo:
PSICOSITE.COM.BR

POR ENQUANTO EU NÃO VOU FALAR MAIS NADA, POIS SEI QUE ENTRE OS SINTOMAS ESTÁ "A PESSOA COMEÇA FALAR COISAS ERRADAS, QUE NÃO SÃO VERDADE..." E EU NÃO QUERO CAIR NA MÃO DE NENHUM DESSES "DOUTORES" QUE, É CLARO, VÃO DIZER QUE EU NÃO ESTOU FALANDO COISA COM COISA... TSC, TSC, TSC...

16.11.07

UMA CHANCE PRA IGUALDADE(?)

Dos dias 31 de outubro a 4 de novembro (2007) estive em Vitória, no estado do Espírito Santo no VII Encontro Nacional da Luta Antimanicomial. Antes de partir para Vitória fiquei sabendo que a diretora deixaria a direção do CAPs Rubens Corrêa. Fiquei apreensivo, temendo que tirassem uma diretora inexperiente para colocar outra mais inexperiente ainda no lugar.

Falei sobre isso com outros usuários pacientes. Sem dúvida a diretora não tem culpa de ser inexperiente e despreparada. A culpa é de quem a enviou. Sem dúvida foi um erro da Secretaria de Saúde e do Instituto Franco Basaglia enviar para ser diretora do CAPs Rubens Corrêa uma psicóloga que tem medo de paciente psiquiátrico como essa psicóloga que veio do CAPs Inhoaíba.

Sem dúvida ela fez uma boa administração do ambiente, provavelmente para mostrar trabalho para a supervisão da secretaria de saúde, para mostrar trabalho para o Instituto Franco Basaglia. Sem dúvida era boazinha com os técnicos de saúde mental, lhes dando várias mordomias e regalias (para que eles falassem bem dela para a Secretaria de Saúde).

Ela só não sabia lidar com paciente psiquiátrico. Perdia a paciência com usuários pacientes, chegando ao ponto de xingá-los. Ela chegava a agressão verbal e por pouco não chegou a agressão física uma vez... Pra ser diretora do CAPs Rubens Corrêa tem que estar trabalhando no CAPs Rubens Corrêa há tempo, para ter experiência. Felizmente, quando retornei da viagem, fiquei sabendo que a psicóloga que veio do CAPs de Inhoaíba se aventurar no CAPS Rubens Corrêa como diretora já não era mais diretora. Ela foi trabalhar em outra instituição psiquiátrica. Que Deus proteja os pacientes dela! Felizmente agora a nova diretora do CAPs Rubens Corrêa é uma técnica antiga e experiente, que conhece bem o CAPs e que sabe falar com usuários de Saúde Mental.

18.9.07

LEIS PARA CIDADANIA

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;

CÓDIGO PENAL

OMISSÃO DE SOCORRO
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.
MAUS TRATOS
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina:
Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano, ou multa.
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos.

http://www.soleis.adv.br/codigopenal.htm

LOGICAMENTE ISSO QUER DIZER QUE NENHUM PACIENTE DE PSIQUIATRIA PODE SER SUBMETIDO A PRIVAÇÃO DE ALIMENTAÇÃO NAS INSTITUIÇÕES PSIQUIÁTRICAS

15.9.07

O USUARIO PSIQUIATRICO DEVE SABER

Depois de ver pessoas sendo amarradas, apanhando e sofrendo preconceitos de profissionais desqualificados dos hospitais psiquiátricos, saí de lá tentando me convencer de que deveria esquecer tudo aquilo e de que os doutores eram bonzinhos e de que tudo que eu vivenciei foi por razões extremas. Fui enviado ao CAPs certo de que não veria nem preconceito, nem discriminação, nem excessos, nunca mais. Certo de que não haveria motivo para me revoltar. Ledo engano. Em matéria de fornecimento de medicação o CAPs é nota 10. Mas o CAPs não deveria ser só farmácia. O CAPs tem tudo para fornecer excelente tratamento para seus pacientes. Mas infelizmente os técnicos e funcionários não tem preparo. Nem para lidar com os pacientes, nem para passar cidadania. (A culpa naturalmente é dos políticos criadores dos CAPs) O problema é que os excelentes recursos dos CAPs são usufruidos pelos técnicos doutores e negados aos usuários que nem sabem do que têm direito. Nos CAPs me deparei com profissionais que desconhecem a realidade dos hospitais psiquiátricos. Vi que em certos momentos chegavam a causar perigo a vida dos pacientes, mais perigo até do que em hospitais psiquiátricos, pois quem trabalha em hospital psiquiátrico está mais preparado para certas situações de crise. Para não falar das discriminações dos técnicos dos CAPs que se cobrem de privilégios. Precisamos mais do que psicologia e remédios...


Precisamos é de ter nossos direitos respeitados. Precisamos de advogados para ajudar a garantir nossos direitos... E nós, pacientes psiquiátricos precisamos conhecer as leis...

3.8.07

ISSO SE CHAMA DISCRIMINACAO

As pessoas que saem de internações em hospitais psiquiátricos são enviadas aos CAPs (Centros de Atenção Psicossocial). Portanto os CAPs deveriam ser como uma segunda casa para os seus freqüentadores os pacientes usuários. Os CAPs são instituições destinadas a proporcionar cidadania tendo como objetivos oferecer atividades para os pacientes psiquiátricos. Mas os CAPs cumprem com suas metas?

Alimentação é fornecida ao CAPs para a alimentação dos pacientes. Porém eu sou paciente psiquiátrico e freqüentador do CAPs Rubens Corrêa e enfrento dificuldades para me alimentar no CAPs, tendo que fazer lanches ou ficar com fome. (Outros freqüentadores pacientes psiquiátricos passam pelo mesmo constrangimento.) Porém os técnicos do CAPs nunca têm o menor problema para comer! Os técnicos mandam os cozinheiros fiscalizarem os pacientes psiquiátricos, mas não fiscalizam os técnicos. Isso não é discriminação?

A comida enviada ao CAPs é para alimentar os usuários e não para alimentar doutores técnicos. os técnicos e administradores que mandam os cozinheiros fazerem essa fiscalização maluca nos usuários pacientes fazem com que os cozinheiros acabem sendo rudes com os usuários, produz discriminação nos cozinheiros e nos seus ajudantes.

14.5.07

BONS EXEMPLOS DE TRATAMENTO NA SAUDE MENTAL

NO CAPs RUBENS CORRÊA AS ATIVIDADES ESTÃO A TODO VAPOR, COMO A MUITO TEMPO NÃO ESTEVE. PROVAVELMENTE GRAÇAS A INICIATIVA DE TÉCNICOS E, ESPECIALMENTE, GRAÇAS A INICIATIVA DE ESTAGIÁRIOS QUE CHEGARAM A POUCO.

OFICINA DE SEXUALIDADE :

UMA OFICINA FORA DE SÉRIE, GRAÇAS A INICIATIVA DE UMA ADMINISTRADORA E DE UMA NUTRICIONISTA QUE FORAM ALÉM DE SUAS OBRIGAÇÕES E LEVARAM A CABO COM SUCESSO ESSA OFICINA QUE BUSCA DIMINUIR OS GRILOS SEXUAIS DOS USUÁRIOS E AINDA TRAZ INFORMAÇÕES ÚTEIS.(APESAR DA ESCASSEZ DE RECURSOS)

DESPERTAR :

UMA ATIVIDADE QUE ESTAVA PARADA E QUE PARECE ESTAR FLORESCENDO GRAÇAS A UM TRABALHO DE EQUIPE QUE FOI BEM-SUCEDIDO

OFICINA DE SAÚDE :

OUTRA OFICINA QUE VEM DANDO CERTO A UM BOM TEMPO

OFICINA DE TEATRO:

EXCELENTE INICIATIVA DE ESTAGIÁRIOS E QUE FAZ UMA DIFERENÇA PARA MELHOR!

OFICINA DE PASTAS:

OUTRA OFICINA QUE ESTÁ A TODO VAPOR PREENCHENDO O CAPs COM A ADRENALINA DO TRABALHO.

OFICINA DE ALFABETIZAÇÃO:

OUTRA OFICINA EXCELENTE E QUE NÃO PODE SER ESQUECIDA!!!

O PONTO NEGATIVO É A VELHA IDÉIA DE QUE ATENDIMENTOS INDIVIDUAIS SÃO MAIS IMPORTANTES QUE AS OFICINAS E GRUPOS. OUTRO PONTO NEGATIVO SÃO OS FAMILIARES E USUÁRIOS QUE SÓ APARECEM PARA ATENDIMENTOS INDIVIDUAIS E QUANDO ESTÃO EM CRISES. CRISES CAUSADAS POR ELES NÃO FREQÜENTAREM OFICINAS E GRUPOS...



VEJA SOBRE OS BENEFICIOS DO ENSINO DE INFORMATICA NAS INSTITUIÇÕES PSIQUIATRICAS. CLIQUE AQUI!

26.4.07

IGUALDADE JA!

PARA HAVER CIDADANIA NO CAPS É NECESSÁRIO A VALORIZAÇÃO DE TODOS FUNCIONÁRIOS E FREQÜENTADORES. A BUSCA DA IGUALDADE PODE COMEÇAR COM A CRIAÇÃO DE ASSEMBLÉIAS GERAIS ONDE TODOS DO CAPS POSSAM EXPRESSAR SUAS CRÍTICAS E SUGESTÕES PARA O BEM DO SERVIÇO, PARA O BEM COMUM, OU ATÉ PARA O BEM PESSOAL, POR QUE NÃO? SÃO MUITO IMPORTANTES NAS ASSEMBLÉIAS GERAIS OS COZINHEIROS, FAXINEIROS, ADMINISTRADORES E SEGURANÇAS, TAMBÉM. AS CRITÍCAS E SUGESTÕES DELES TAMBÉM SÃO MUITO IMPORTANTES. TODOS SÃO ESSENCIAIS NA ASSEMBLÉIAS, TODOS TÊM DIREITOS E DEVERES!
POR EXEMPLO, UM DIREITO DE TODOS DO CAPS SERIA ACESSO A INTERNET QUE DEVIA SER COMUNITÁRIA, MAS SE TORNOU RESTRITA AOS TÉCNICOS DO CAPS. EU COMO INSTRUTOR DE INFORMÁTICA FICO FELIZ QUE AO MENOS OS TÉCNICOS ACESSEM, POIS SEI QUE A EXCLUSÃO DIGITAL É GRANDE. E SEI QUE MUITOS TÉCNICOS TÊM ATÉ DIFICULDADES PARA ACESSAR, CONHECEM POUCO DE INTERNET, POIS NÃO TIVERAM OPORTUNIDADE DE FAZER UM BOM CURSO.

OS TÉCNICOS MAIS SÉRIOS ATÉ ACESSAM PARA MELHORAR AS OFICINAS DO CAPS. O PROBLEMA É QUE ALGUNS TÉCNICOS QUE DESCONHECEM A PROPOSTA DE CIDADANIA DO CAPS TEM ACESSADO SITES CONTAMINADOS E IMPRÓPRIOS (COMO O ORKUT, POR EXEMPLO) E ACABAM ESCANGALHANDO COMPUTADORES E PERIFÉRICOS E GERANDO PREJUIZO PARA TODOS (AFINAL, É DINHEIRO PÚBLICO).

MAS EU TENHO CERTEZA DE QUE O PROBLEMA QUE IMPEDIU O ACESSO DA COMUNIDADE A INTERNET COMUNITÁRIA DO CAPS RUBENS CORREA LOGO SERÁ RESOLVIDO, POIS TENHO A CERTEZA DE QUE TODOS OS TÉCNICOS E AUTORIDADES FARÃO O MÁXIMO PARA BUSCAR SOLUÇÕES JUSTAS...


11.4.07

REFORMA PSIQUIATRICA? QUAL?

REFORMA PSIQUIATRICA? QUAL?
No meio da saúde mental se fala de reforma psiquiátrica. Mas que reforma é essa que ninguém conhece? A gente conhece a reforma da previdência, a reforma ministerial...Mas o que vem a ser reforma psiquiátrica? Ninguém sabe o que é isso e se ninguém sabe o que é isso, é por que isso não existe!

Falam de Franco Basaglia e sua reforma psiquiátrica italiana. Eu vou ser franco com você! Aqui não é Itália, aqui é Brasil, um país enorme! Todos os manicômios que haviam na Itália devem caber em um dos nossos!

Dizem que os CAPS foram frutos dessa reforma psiquiátrica. O problema é que quase nenhum técnico dos CAPS vai a encontros que defendem tal reforma!

4.4.07

FALTA ESTRUTURA NOS CAPS

Eu sempre reclamei com os profissionais da saúde mental sobre a forma em que uma pessoa em crise é tratada. Usei como exemplo um caso que ocorreu no CAPS Rubens Corrêa: uma moça xingava e batia nas portas. Os técnicos do CAPS ficaram com medo dela e mandaram os seguranças segurá-la para dar injeção a força. Simples assim.

Eu salientei que não se pode dar injeção a força em um ser humano (veja os direitos humanos, a cartilha dos direitos dos usuários da saúde e a constituição). Disse que deveria se buscar convencer a pessoa a tomar injeção. Porém eles argumentaram até com uma certa razão quando perguntaram o que poderiam fazer se a pessoa estivesse se machucando. O problema é que os CAPS não estão estruturados para esse tipo de situação. Os CAPS são estruturados apenas para atendimento e fornecimento de medicamentos. Isso porque os políticos não acham importante investir nos CAPS.

Apesar das iniciativas de alguns técnicos, a verdade é que os CAPS não estão sequer estruturados para a realização das famosas oficinas terapêuticas propostas por Franco Basaglia.

Infelizmente, os funcionários dos hospitais psiquiátricos estão mais preparados para lidar com as pessoas em crise do que os funcionários dos CAPS. Isto não é por má vontade dos funcionários dos CAPS. Isto é porque os funcionários dos hospitais são treinados para lidar com crises o tempo todo (pois tradicionalmente as pessoas são internadas lá), já os funcionários dos CAPS São treinados apenas para fazer atendimento clínico. Por isso quando aparece uma crise no CAPS ninguém sabe o que fazer. Daí que nesses casos a pessoa em crise corre mais riscos no CAPS do que nos hospitais psiquiátricos.

Essa é a falha da proposta de Basaglia no Brasil: lançaram a idéia, mas não investiram nela. Fizeram uma lei para criar os CAPS, mas largaram os CAPS no esquecimento. A propota incial era que os CAPS tivessem oficinas terapêuticas, mas na prática as pessoas têm pouquíssimas opções para passar o tempo no CAPS e acabam se entediando.

EM RESUMO: OS CAPS PRECISAM DE ESTRUTURA NECESSÁRIA PARA FUNCIONAR. OS CAPS PRECISAM DE INVESTIMENTO NECESSÁRIO. OS FUNCIONÁRIOS DOS CAPS PRECISAM DE TREINAMENTO ESPECÍFICO PARA A NOVA REALIDADE CHAMADA CAPS.

3.4.07

OS CAPS ESTAO VIRANDO HOSPITAIS PSIQUIATRICOS, MAS OS HOSPITAIS PSIQUIATRICOS NAO ESTAO VIRANDO CAPS...

Dizem que na Itália Fanco Basaglia criou todo um esquema de ressocialização para substituir os manicômios. Sempre colocando ênfase na importância das oficinas terapêuticas. Comprovado o sucesso de suas residências terapêuticas, uma lei foi criada (lei 180) decretando o fim dos manicômios.

A idéia foi importada para o Brasil, mas de forma desordenada, e, infelizmente, tem funcionado às avessas. No Brasil uma lei decretou a criação dos CAPS, que no início contavam com várias oficinas terapêuticas. Porém, com o passar do tempo, as oficinas foram perdendo força e os CAPS foram ficando cada vez mais parecidos com manicômios. Os CAPS foram ganhando aparência de ambulatório. Hoje em dia, sem ter o que fazer, muitos usuários dormem pelos cantos.

Infelizmente os CAPS não são acolhedores. Os Manicômios e hospitais psiquiátricos também não são. Mas os CAPS têm que ter um diferencial. Os CAPS dificultam a entrada dos visitantes (um dia fui visitar um amigo em um outro CAPS e sequer me deixaram passar pelo portão!) Claro que isso tem que mudar, senão é difícil haver ressocialização.

Os CAPS deveriam buscar trazer as comunidades para os CAPS, pois a interação entre os usuários e as pessoas da comunidade seria muito benéfica para todos. Afinal, as pessoas ficam reclusas em manicômios. Não em CAPS.

Os CAPS deveriam ser sempre abertos, pois os abusos que ocorrem em hospitais psiquiátricos ocorrem porque são fechados e ninguém vê o que está acontecendo.

Aliás, nenhum hospital poderia ser fechado, pois a obscuridade e o isolamento só trazem morte.

2.4.07

VAMOS DAR ATENCAO PARA A SAUDE MENTAL

VAMOS DAR ATENCAO PARA A SAUDE MENTAL

No mês de março finalmente chegou comida no CAPS Rubens Corrêa, de Irajá (Rio de Janeiro) Naqueles momentos de crise e descaso o que mais me doía era pensar na situação daqueles que estão internados em locais como o Sanatório Rio de Janeiro, por exemplo.

Se faltava comida no CAPS, O que dizer de um local como o Sanatório Rio de Janeiro, que sempre foi terrível? Será que as pessoas reclusas naquele hospital psiquiátrico podiam realmente comer, ou será que as autoridades políticas deixaram faltar comida para as pessoas internadas também?

Quando eu saí do Sanatório Rio de Janeiro, em junho de 2001, a alimentação no hospital era escassa, e muitos pacientes comiam do lixo para complementar a alimentação. Praticamente os pacientes brigavam entre si por comida! E naquela época não havia crise na administração política e tinha comida no Centro de Atenção Psicossocial Rubens Corrêa.

A pergunta é: como tem sido a alimentação dos pacientes do Sanatório Rio de Janeiro? Como eles passaram no momento de crise administrativa? E quanto aos outros hospitais? Temos que cuidar dos hospitais psiquiátricos! Vamos fiscalizar os políticos para termos garantias de que as verbas necessárias serão enviadas para a saúde mental!

15.3.07

DESUMANIZANDO?

DESUMANIZAÇÃO?
Por mais que os profissionais de saúde mental tenham boas intenções, vê-se que a psiquiatria não tem critério, nem técnica para tratar daqueles que fazem tratamento psiquiátrico. Quando as pessoas estão em crise psiquiátrica os profissionais de saúde mental não buscam falar com a pessoa buscando reanimá-la para a vida, salvo algumas exceções. Os profissionais só falam em remédios, como se os remédios fossem fazer milagres. Os profisionais não falam com os usuários da saúde mental buscando encorajá-los para a luta da vida. Antes falam como se as pessoas que fazem tratamento fossem receptáculos de remédios. Por acaso as pessoas não pensam sem remédios psiquiátricos?

Muitas das vezes os profissionais de saúde gritam tanto com as pessoas em tratamento que as pessoas acabam encarnando um comportamento infantil como resposta a um tratamento infantil da parte dos técnicos de saúde. A psiquiatria não tem critério para reconhecer sintomas, por isso acabam inibindo as pessoas além do necessário, pois as pessoas que fazem tratamento ficam pensando "será que se eu rir demais vão achar que eu estou em crise? Será que se eu chorar vão achar que eu estou em crise?" E nessas inibições a vida da pessoa é perdida.Veja os exemplos abaixo:

Na sexta-feira, dia 9 de março de 2007, eu estava muito feliz por certas realizações pessoais, eu ao falar no grupo da Psiquiatra T. eu mostrava claramente grande entusiasmo. De repente, a colega C. notou: "Ezequiel, você está falando muito rápido. Calma, fala devagar."
Aí eu respondi, "eu sempre falei assim." E ela insistiu:"É que meu médico disse que quando a pessoa fica falando rápido é porque está entrando em crise."

Nem é necessário falar que os médicos geralmante dizem isso, e que isso não tem nenhum critério e é baseado em preconceitos. Uma pessoa pode sim falar mais rápido quando está animada ou nervosa, ela não precisa estar em crise para falar rápido. É claro que se uma pessoa tiver seu riso e seu choro controlados ela não é humana, mas sim um robô num laboratório. É esse o objetivo da saúde mental?

No dia 15 de março eu vejo algo estranho: um homem forte, fisicamente saudável chorando e gritando o nome de uma enfermeira. Era o mesmo homem que dias antes dizia estar cheio de ser tratado como criança. Mas insistiram tanto em tratá-lo como criança, só ouvindo as queixas que a mãe dele fazia, que ele acabou aceitando a sua predestinação imposta: um homem grande e forte que poderia estar trabalhando e produzindo para a nação tratado como criança pela psiquiatria, acaba cedendo e simplesmente... virando criança! DESUMANIZAÇÃO.

30.1.07

HOSPITAIS PSIQUIATRICOS, CAPS E POLITICOS...

OS HOSPITAIS PSIQUIÁTRICOS
Os hospitais psiquiátricos são onde as pessoas são internadas quando sofrem crises psiquiátricas graves. Nesses hospitais há esforços da parte de terapeutas ocupacionais para entreter os internos com música, jogos, etc. Porém são pouquíssimos e não existe interação entre os terapeutas e pacientes. São poucos os recursos voltados para essas terapias. Os médicos mal falam com seus pacientes nos hospitais psiquiátricos. Só falam na hora das consultas. Os enfermeiros parecem desconhecer técnicas para imobilizar os pacientes em crise. Quando tem que conter um paciente é quase sempre de forma bem mais brutal e desvairada que a loucura do paciente. Pelo jeito não são treinados para segurar o paciente com respeito a sua integridade e honra, mas usam técnicas profissionais para amarrar os pacientes nas camas dos hospitais! Sem dúvida deveria haver fiscalização constante a esses hospitais psiquiátricos, pois às vezes os internos ficam pelados por falta de roupa. Às vezes os pacientes chegam a comer lixo, pois a alimentação na maioria dos hospitais psiquiátricos é super precária!

OS CAPS
Bem, em face aos hospitais psiquiátricos, os CAPS avançaram muito numa parte. Os CAPS tratam os pacientes com muito mais humanidade. Os usuários dos CAPS geralmente encontram tratamento mais humano nos CAPS do que na sua própria casa. Nisso os CAPS saem ganhando dos hospitais psiquiátricos. Porém os CAPS não estão preparados para receber e manter pacientes em crise. Os enfermeiros dos hospitais psiquiátricos não tratam os pacientes com muito carinho, mas com certeza sabem lidar com pacientes em crise melhor que os CAPS. Os CAPS foram feitos para ajudar na recuperação dos pacientes mais ou menos controlados, mas nos CAPS ninguém sabe o que fazer quando alguém entra em crise violenta, por isso apelam para as internações nos hospitais psiquiátricos, e no desespero e despreparo podem chegar a machucar uma pessoa até mais do que aconteceria num hospital psiquiátrico. É lógico que os senhores políticos deveriam investir mais no treinamento dos seguranças dos CAPS, que não têm treinamento especializado para lidar com gente em crise. Obviamente as oficinas funcionam melhor nos CAPS que nos hospitais psiquiátricos.

ESSA PUBLICAÇÃO FOI ORIGINALMENTE FEITA EM 30 DE JANEIRO DE 2007, PORÉM POUCO MUDOU DESDE ENTÃO. ESTA ATUALIZAÇÃO É DE 14 DE SETEMBRO DE 2011.

PERFIL DOS HOSPITAIS PSIQUIÁTRICOS E CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL

Os CAPS chegaram para revolucionar o tratamento psiquiátrico, pelo menos na teoria. Os CAPS visavam oferecer ocupações para as pessoas que sairam de internações, porém isso não funciona na prática, pois os senhores políticos não fornecem verbas para a execução dessas oficinas. Aliás, não tem sequer alimentação nos CAPS, hoje em dia, muito menos oficinas terapêuticas! O senhor prefeito César Maia parece desconhecer da importância de oferecer um bom serviço para quem faz tratamento psiquiátrico, e o governo estadual também não mostra grande interesse. O governo federal considera que a saúde está uma maravilha, e quando alguém indica que isso não é verdade e que a saúde no Rio está caótica ele simplesmente diz que a culpa é do governo estadual, "pois a saúde vai muito bem em outros estados", diz ele. O descaso que sofre a saúde mental é culpa dos preconceitos da imprensa, sem dúvida. Se a imprensa parasse de retratar o doente mental como um monstro e passasse a falar mais dos problemas que passam os pacientes psiquiátricos a coisa mudaria de cara.

DEVO ATUALIZAR INFORMANDO QUE O ATUAL PREFEITO DO RIO DE JANEIRO (2011) É EDUARDO PAES. CESAR MAIA ERA PREFEITO EM 2007. INFELIZMENTE NÃO HOUVE MUDANÇAS POSITIVAS COM O NOVO GOVERNO. E, INCLUSIVE, HOUVE ALGUNS RETROCESSOS.

22.1.07

PORQUE UM CAPS E IMPORTANTE

CAPS CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (ESCRITO POR POLIBIO, USUÁRIO DO CAPS)
É um tratamento substitutivo dos manicômios, ou hospitais psiquiátricos, não sendo preciso ficar internado.É um hospital dia onde se buscam a inclusão social e a cidadania. Temos oficinas como pedagogia onde eu sempre fazia uma estrela e sempre a pintava de preto e daí começou um belo tratamento psicológico onde começamos a pensar lembrar de contas que já esquecidas fazemos. Geralmente, quando saímos de internação saimos muito massacrados eu fui salvo pelo gongo.

Temos oficina de beleza onde uma usuária mãezona NAZARÉ corta o cabelo de todos, faz a barba cuida com carinho, isso nos faz resgatar a auto-estima porque depois de uma internação saímos muito carentes obs.: ela não cobra nada! Temos a oficina de sucata que é feita com papel reciclado onde fazemos pastas marcador de livros porta cartões e outros. Vendemos em eventos e o dinheiro é dividido entre quem trabalhou. Temos a oficina de SILK SCREEN que funciona da mesma forma, temos a oficina do jornal que é feita no CDI com a participação de textos escritos por usuários. TUDO ISSO É A DIFERENÇA DE COMER, TOMAR REMÉDIOS E FICAR DEITADO DORMINDO OU NÃO E AS VEZES IMPREGNADO EM HOSPITAL PSIQUIÁTRICO.Tenho a experiência de quase 10 anos fora de hospital internado e nesses anos tenho visto muita gente seguindo este caminho graças a esse trabalho substitutivo que é a reforma psiquiátrica no BRASIL.

(O TEXTO ACIMA FOI ESCRITO POR POLIBIO, USUÁRIO DO CAPS RUBENS CORRÊA)

COMO É DIFÍCIL CERTAS COISAS NA VIDA, ELA AS VEZES NOS PREGA UMA PEÇA. COMO É MOLE PARTICIPAR DE UMA PLENÁRIA OU DE UMA REUNIÃO NUM AUDITÓRIO COM PALESTRANTES QUE SABEM O QUE DIZEM SÓ QUE UM DIA EU FUI JOGADO PRO OUTRO LADO DA MESA, E O PIOR: DE IMPROVISO. A VONTADE QUE ME DEU TODO TEMPO ERA DE SAIR CORRENDO DALI. FALTA DE UMA PROGRAMAÇÃO SOBRE O QUE EU IA DIZER, MAS COMO NA VIDA CHEGA UMA HORA QUE NÃO TEM JEITO OU CAGA OU PEIDA DEI MEU JEITO FOI SOMENTE AGRADECIMENTO GERAL POR MEUS ANOS DE VIDA SEM PRECISAR SER INTERNADO DEPOIS DO TRATAMENTO NO CAPS VALEU A EXPERIÊNCIA.

ESCRITO PELO USUÁRIO DO CAPS RUBENS CORRÊA, POLIBIO.

AGRADEÇO MUITO A GENTILEZA DO POLIBIO, QUE GENTILMENTE PERMITIU QUE EU COLOCASSE SEUS TEXTOS AQUI.

INFELIZMENTE, HOJE EM DIA, AS OFICINAS MENCIONADAS POR POLÍBIO FORAM EXTINTAS E O CAPS SE TORNOU MUITO RÍGIDO E FRIO.

ENFIM, OS CAPS ESTÃO DESORGANIZADOS E ESQUECIDOS PELOS POLÍTICOS, MAS É UM SERVIÇO ESSENCIAL E É PRECISO DESPERTAR O INTERESSE E A MOTIVAÇÃO DOS TRABALHADORES QUE CAEM NOS CAPS DE PARA-QUEDAS.

ESSA PUBLICAÇÃO FOI ATUALIZADA EM 12 DE SETEMBRO DE 2011.

17.1.07

CAPS DA EXCLUSAO?

CIDADANIA É O FAXINEIRO TÃO IMPORTANTE E ESSENCIAL QUANTO UM DOUTOR

Sugeri a participação dos cozinheiros, faxineiros, seguranças,
administradores e de todos do convívio do CAPS nas "assembléias gerais", não como uma imposição ou obrigação, mas como um direito, uma responsabilidade, uma solidariedade e uma honra. É um direito de todos do CAPS participar das "assembléias gerais", sem exceção. E é um dever da direção do CAPS tornar isso possível. Afinal, para quem não sabe, os CAPS deveriam ter a inclusão social como objetivo, já que os CAPS são geridos por uma ONG (organização não governamental).



Infelizmente a forma que os CAPS funcionam chega a gerar exclusão. Os faxineiros, cozinheiros e seguranças se sentem pequenos diante de tantos "doutores". E são desvalorizados pela direção do CAPS. É como se estivessem no CAPS para receber ordens! Os funcionários que não são técnicos não são incentivados.
Como só recebem ordens, querem dar ordens em alguém. E diante de tantos doutores eles só vêem uns que estão abaixo deles (na opinião deles): os usuários. Por isso querem dar ordens nos usuários. Por isso acham que não tem que pedir licença a um usuário. É como se estivessem no CAPS para receber ordens dos administradores e dar ordens nos usuários. Que estranha hierarquia! Porque na verdade eles são empregados dos usuários! Tanto os faxineiros quanto os administradores são empregados dos usuários da saúde mental!... Se preocupam tanto em dar ordens nos usuários que alguns sequer fazem o próprio trabalho.


Por exemplo. Eles só trabalham quando recebem ordens da administração. Mas para dar ordens nos usuários ninguém precisa mandar. E se eles tivessem a chance de participar das assembléias gerais com direito a dar opiniões e ter as opiniões tão valorizadas quantas as opiniões dos usuários e dos técnicos eles trabalhariam com mais vontade. Pois perceberiam que estão sendo valorizados como pessoas e como trabalhadores. Como isto não acontece eles dão ordens aos usuários
para se sentirem um pouco importantes.


Isso porque a direção do CAPS não valoriza a cidadania. (É claro que isto é uma realidade triste e exclusiva em todos os CAPS, é um problema do IFB.)
Não incentiva a participação de todos nas "assembléias gerais". Por isso muitos funcionários que não são técnicos se veêm desvalorizados, não têm motivação para trabalhar, pois acham que limpar é coisa sem importância e dar ordens nos usuários
é mais importante. E só limpam quando recebem ordens, e quando não recebem ficam batendo papo ou falando no telefone que deveria ser usado só para trabalho.


TRABALHAM COM AMOR, MAS FALTA CONJUNTO E UNIÃO

São visíveis os esforços da maioria dos funcionários do CAPS para fazer um bom trabalho. (Técnicos ou não técnicos se esforçam)É evidente os esforços do cozinheiro, Sr. F, por exemplo. (Apesar dele não ser valorizado a altura). Quando um faxineiro dá ordens a um usuário ele acha que está ajudando. E sem dúvida os técnicos do CAPS estão buscando fazer um bom trabalho. a terapeuta C.
faz um bom trabalho de um lado, a administradora P. busca fazer coisas que estão até além de suas funções. A doutora Cl. faz grandes esforços também, etc.


O problema é que são esforços isolados, sem união, sem conjunto, sem planejamento. O problema é que fazem as coisas sem se unir para pensar juntos. É um tentando ajudar de um lado, outro com boas intenções do outro, mas sem nunca se unirem, a não ser em pequenas "turminhas". Na prática o CAPS não se reune como equipe para discutir e planejar as ações. Existe uma certa reunião de equipe, mas só técnicos podem participar dessa reunião. Sem falar que não se desenvolve trabalho de equipe nessas reuniões. De equipe só tem o nome.

O mais estranho é que na hora de se reunir para acessar o Orkut (site de relacionamento) existe a maior união!!


Pois bem. Os problemas acima mencionados se resolveriam com assembléias gerais solidárias e com a participação de todos, sem exceção. A necessidade da participação de todos nas assembléias gerais se confirmou mais ainda no fim de 2006. Dois dias depois de uma moça sofrer crise no CAPS eu falava com o faxineiro J., e tentava explicar que não havia necessidade de ter medo da moça em crise. (No dia da crise da moça ele estava visivelmente morrendo de medo, e tremia que nem vara seca). Aí chegou o administrador A. e o faxineiro disse que eu estava fazendo acusações!... Aí o administrador disse: "Não quero você por aí falando com os funcionários, não!" Claro que se os faxineiros e outros funcionários participassem de "assembléias gerais" eu não teria que falar com eles "por aí"! E é claro que o local onde o administrador deveria dizer o que ele quer ou não quer é nas assembléias gerais, que ele nunca freqüenta. E ele tem o direito de participar,já que é técnico. Se não participa não tem direito de falar nada. E é claro que tanto os administradores como qualquer outro funcionário do CAPS São empregados dos pacientes psiquiátricos. E se alguém tem que dizer "eu não quero você fazendo isso!" sou eu, que sou o patrão, como outros pacientes psiquiátricos.


No começo deste ano 2007 eu pude ver que o faxineiro J. não limpava a sala da informática (onde eu dou aulas para toda a comunidade) e nenhum outro faxineiro limpava. Parece-me que ele ficou zangado comigo, pois um dia ele abriu a porta da sala com violência gritando: "não pode entrar aí, não!!" E aí eu disse para ele que deveria pedir licença para abrir a porta(pois ele poderia ter acertado alguma pessoa com a porta!). Sinceremente, pedir licença não dói. E o trabalho dele é limpar. E se ele deixa de limpar uma parte ele não está fazendo o trabalho direito. E se ele
não faz o trabalho direito é melhor dar lugar para outros que querem trabalhar. Claro que esse faxineiro está sendo destacado, pois seria bom que ele soubesse que os usuários que estão aqui a anos que sabem das coisas no CAPS, e não se pode dizer coisas sem se saber do que se trata realmente, pois pode chegar a prejudicar os companheiros com mau exemplo. E eu vou esperar pelo dia em que teremos uma assembléia geral de verdade no CAPS.

4.1.07

ASSEMBLEIA GERAL PARA INCLUSAO

POR QUE A ASSEMBLÉIA GERAL É IMPORTANTE?

porque isso ajuda a envolver as pessoas no tratamento. O faxineiro que participar de assembléias com usuários da saúde mental que fazem tratamento psiquiátrico passará a entender mais a situação dos usuários e assim terá mais respeito pelas pessoas que fazem tratamento psiquiátrico, por exemplo.



O psiquiatra que participa de assembléias com usuários e familiares começa a se envolver com os problemas desses, não apenas como médico, mas também como pessoa. E começa a se envolver também com a luta política pela inclusão social dos usuários da saúde mental. E, francamente, o psiquiatra que não se interessa na inclusão social dos pacientes psiquiátricos deve mudar de profissão! Ele não é médico nem aqui, nem na China!!



É importante a participação nas assembléias gerais de pelo menos um representante de cada setor do CAPS (pelo menos um usuário, um familiar, um administrador, um segurança, um psicólogo, um terapeuta, um psiquiatra, um enfermeiro, etc.)



Por que? Porque se todos os setores que formam o CAPS não estão presentes na “assembléia geral”, essa “assembléia geral” não é geral, pois não tem a participação geral, não tem a participação de todos!



Todos mencionados acima devem ter o direito de dar sugestões e fazer críticas. As pessoas (desde o faxineiro até o doutor) deveriam ser até incentivadas a expressar suas críticas, sugestões e insatisfação (se houver) nas assembléias gerais.

CAPS PARA A INCLUSAO. INCLUSAO?!

Mas infelizmente os CAPS enfrentam umas dificuldades pela falta de planejamento da ONG Instituto Franco Basaglia (IFB). E pela falta de investimentos dos políticos em geral.


CAPS DA EXCLUSÃO


Infelizmente a estrutura do IFB é hierarquizada. É um sistema meio empresarial, sabe como é aquela coisa de patrão e empregado? Não há incentivo para o pensamento em grupo. Não há grupo. Não há união. Aí você deve estar pensando: “não é assim mesmo numa empresa?” Aí está o problema. O CAPS não é uma empresa. O CAPS é um projeto com fins sociais, financiado pelo governo. O que quer dizer que todos os funcionários do CAPS devem ser considerados de essencial importância, desde do faxineiro até o doutor mais graduado. E essas pessoas devem estar cientes do quanto são importantes e devem ser valorizadas. Isso não acontece nos CAPS.



Bem, nos CAPS existem turminhas. Existe uma turminha aqui, outra turminha ali, mas não há conjunto. O faxineiro tal conspira contra usuário tal, usuário tal conspira contra técnico tal, técnico tal conspira contra o cozinheiro tal. Ou seja, nos CAPS não se cultiva o hábito de se sentar para discutir em grupo buscando soluções para o bem de todos.



Isso sem falar que os CAPS mal falam entre si. São 13 CAPS no Rio que mal se conhecem. Totais estranhos. Vamos entender mais a hierarquia dos CAPS: a diretora do CAPS é a maior figura do CAPS. É quem manda no CAPS. Mas de vez em quando a diretora do IFB faz supervisão no CAPS. Logo a diretora do IFB fiscaliza a diretora do CAPS!



Assim a diretora do CAPS tem medo da diretora do IFB!... e a diretora do IFB tem medo do coordenador de saúde da secretaria municipal de saúde, que tem mais poder que a diretora do IFB. É a guerra dos medos! A hierarquia do medo!



Como já foi dito, no CAPS não há conjunto, nem união. Há turminhas. Os usuários (pacientes psiquiátricos) em uma turma, os faxineiros e seguranças em outra turma, os enfermeiros em outra turma, os psiquiatras e psicólogos em outra turminha e até os administradores com a sua turminha.



Não é necessário dizer que psiquiatras, psicólogos e administradores fazem parte da classe alta, com muitos privilégios. Todos os outros são da classe baixa. (Houve um momento em que um administrador me “proibiu” de falar com os faxineiros, seguranças e cozinheiros! Nem é necessário dizer que tal proibição é ilegítima, ilegal! É uma proibição proibida! Ninguém pode proibir ninguém de falar com ninguém!)



Bem, nos CAPS existem assembléias, que os técnicos da saúde mental chamam de “Assembléia Geral”. O problema é que nem todos tem o direito de participar das “Assembléias Gerais”. E têm alguns que tem o direito, mas simplesmente não querem participar! (entre os que não querem participar estão os da classe alta, principalmente.)


MEU NOME É EZEQUIEL DE ANDRADE, USUÁRIO DO CAPS RUBENS CORRÊA, LOCALIZADO NA RUA ALIATAR MARTINS, 231 – IRAJÁ, RIO DE JANEIRO. ALÉM DISSO SOU EDUCADOR E DOU AULAS DE INFORMÁTICA NESTE CAPS PARA USUÁRIOS DA SAÚDE MENTAL E PARA QUALQUER PESSOA.