23.5.08

COMO ANIMAL

Antes de entrar no 2º dia do Fórum Internacional de Saúde Coletiva, Saúde Mental e Direitos Humanos eu gostaria de falar um pouco mais sobre a roda de conversa A Formação dos Enfermeiros da Saúde Mental em Questão. Eu disse que em certos momentos é necessário conter um paciente em crise, o que não quer dizer segurar ou amarrar. Pois segurar e amarrar é acuar a pessoa, e acuar pessoas nunca é bom. O melhor é o profissional de saúde ter preparo, técnicas para evitar que o paciente se machuque.

Quero salientar que muito me espantou o medo que aqueles enfermeiros demonstraram de pessoas em crise. Isso é desanimador, pois uma pessoa em crise continua sendo uma pessoa, ela não vira bicho. Ela continua tendo sentimentos e tudo. Ela apenas sofre a crise. Na crise algumas pessoas ouvem vozes, outras veem pessoas que não existem, outras ficam deprimidas, mas todas continuam humanas.

Em um momento eu sugeri uma forma de abordagem ao paciente em crise incontrolável, totalmente agitado. Disse que seria bom que os profissionais de saúde não rodeassem o paciente, pois isso só assustaria a pessoa mais ainda. Disse que um profissional deveria tentar conversar com a pessoa enquanto outros profissionais (todos treinados para lidar com a situação) observaríam de longe.

Daí uma moça do meu lado fez uma cara de medo e disse, "de longe, caramba! Só um pouquinho longe, não é?"
O que eu pude observar é que as pessoas têm medo de doente mental em crise como mulheres têm medo de ratos. E esses profissionais de saúde mental num medo anormal e sem fundamento acabam acuando o doente mental em crise, como se acua um animal. E isso gera até mais traumas. E isso, é claro, nos mostra que, enquanto eles dizem que o doente mental é perigosíssimo, fica claro que, diante da situação, eles são muito mais perigosos que os doentes mentais.

Vamos voltar ao exemplo do rato: quando um rato e uma pessoa que tem medo de rato se encontram quem acaba morrendo com mais frequência? O rato, é claro! O incrível é que a pessoa, grandona perto do rato, fica tão assustada que não consegue perceber que o rato nunca poderia feri-lo (pois está mais interessado em fugir). É que o rato só ataca em última estância, para se defender. É a mesma coisa com o doente mental em crise. Ele não quer atacar ninguém. Ele só quer viver.

Por fim o dia de ontem (22/05/2008) terminou com uma palestra do rei das palestras, Paulo Amarante, o fazedor de leis, Paulo Delgado, entre outros...

Originalmente publicado no dia 23 de maio de 2008. Atualizado no dia 23 de outubro de 2012. Nota adicional: John Forbes Nash, concorda comigo, e também diz, "Nós pacientes psiquiátricos somos tratados como animais."

22.5.08

II FORUM DE SAUDE COLETIVA, SAUDE MENTAL E DIREITOS HUMANOS

Eu estou escrevendo essa postagem diretamente do II Fórum Internacional de Saúde Coletiva, Saúde Mental e Direitos Humanos.

Sem dúvida o Encontro está sendo divertido! A primeira coisa que eu queria ver era a mostra de cartazes, em que Rodrigo Sini (um conhecido) teve participação, ou seja, um evento de arte. Porém, acredite se quiser: na hora do evento nem o próprio artista (Gianni Puzzo) sabia da hora do evento!



Ah... por isso eu acabei indo em outro evento sobre a formação do enfermeiro. Nesse evento discutiu-se formas de melhorar a formação desses profissionais. Daí eu perguntei se nas faculdades estão começando a preparar novas formas de se conter os pacientes em crise, sem ter que agir de forma brusca. Ou seja, se estão preparando novas técnicas de aproximação do paciente em crise.



Eu expliquei que em certos momentos é totalmente necessário conter uma pessoa em crise, e nesses momentos se faz necessário uma abordagem física mesmo, para segurar o paciente. Deixei bem claro que técnicas podem ser desenvolvidas para fazer que uma pessoa agitada seja contida, sem ter de aplicar mata-leão (agarrar o pescoço). Infelizmente a resposta foi a esperada: não há nada pensado quanto a isso.



Os participantes da mesa foram bem felizes, e parece que trilham o caminho certo, apesar de tudo. Os estudantes de enfermagem chegaram a reclamar a falta de ênfase na formação do enfermeiro, dizendo que pouquíssima coisa aparece no currículo sobre sobre saúde mental. Interessante notar que enquanto os psicólogos fazem estágio por cerca de 1 ano, os enfermeiros não fazem mais de 1 mês de estágio!

NOTA: A gente pode acessar Internet aqui na UERJ!

21.5.08

II FORUM INTERNACIONAL DE SAUDE MENTAL

Ah... amanhã (22/05/2008) é o dia do II Fórum internacional de Saúde Coletiva, Saúde Mental e Direitos Humanos. Ah... eu vou fazer de tudo para estar lá! Esse é um evento em que todos os políticos da saúde mental vão participar. Aqueles políticos que usam a saúde mental para se promover, como eu venho falando aqui. Eles só aparecem em eventos assim... eventos grandes... e caros! Para participar do evento é necessário pagar 25 reais!! Isso por si só já exclui os pobres usuários de saúde mental!!! Mas apesar disso vão estar pessoas sérias como Eduardo Mourão Vasconcelos, por isso vale a pena ir.

O evento acontecerá lá na UERJ. Mas se você quiser mais informações vá para o site do evento. CLIQUE AQUI!

12.5.08

EXAME PARA TRANSTORNO BIPOLAR

Eu tenho falado sobre exames que deveriam ser feitos na saúde mental, no caso exames para verificar a compatibilidade das pessoas a certos remédios. Tipo, exames para ver se uma pessoa não desenvolverá problemas renais se tomar lítio.

Mas imagine você! Agora existe uma farmacêutica que diz ter desenvolvido um exame para determinar se uma pessoa tem realmente transtorno bipolar! Claro que isso é uma obra da pesquisa dos americanos(como sempre).

O que eu deixo para vocês agora é uma notícia sobre isso, em que um psiquiatra diz que esse exame ainda não é preciso. Mas o que mais chamou minha atenção foi o seguinte: se eles estão criando um exame para ver se alguém tem realmente transtorno bipolar isso mostra que tem gente tentando tornar precisos esses diagnósticos. Daí fico feliz de ver que estão ao menos tentando mudar essa situação duvidosa.

Veja a página com a notícia em inglês CLIQUE AQUI!